quinta-feira, 4 de novembro de 2021

Review de Protoboards

 Há algum tempo que estou intrigado com as possibilidades de medida que o meu recém adquirido Agilente 34401a oferece. Mesmo não sendo um instrumento muito recente, é absurdamente confiável e permite realizar medidas muito precisas, estáveis e, o mais interessante, criar datalogs.

Ainda, para explorar as possibilidades dele e de circuitos de precisão, montei um circuito de 'Standard Cell' de 10V com LM399H, que pretendo discorrer mais a respeito na próxima postagem. Por hora, aproveitei a medida a 4 fios (ou Kelvin) que ele possui para verificar a qualidade dos protoboards que utilizo.

Na busca por protoboards melhores, mais confiáveis, resolvi fazer este review.

Na minha pequena oficina, possuía basicamente 2 modelos de protoboard. A primeira de uma marca antiga, chamada Pront-o-labor que, na minha humilde opinião, era horrível! Péssima para trabalhar. Conexões absurdamente duras, muito mal contato, com problemas no acabamento, enfim, não valiam o dinheiro gasto (na época nem me lembro quanto me custou). Por fim, foi deixada de lado e servia apenas como backup ou para ficar na mochila em casos de emergência (Qual seria o tipo de emergência que necessitaria do uso de uma protoboard?)

A segunda marca, pouco conhecida, E.I.C., só vi a venda (e ainda vejo) na mais tradicional loja de componentes eletrônicos da região da Santa Efigênia. E só nessa grande loja com M azul.

Essa marca, apesar de desconhecida, nunca me trouxe problemas em nenhuma das minhas montagens, tanto que, posteriormente, sempre procurei comprar dessa marca, variando entre alguns modelos.

Hoje, porém, em busca de realizar alguns testes, adquiri alguns exemplares da Minipa, modelo MP-830A.

A Minipa, há alguns anos, vendia um protoboard com base cinza e matriz branca, que, sinceramente, nunca utilizei, mas que nas minhas buscas, era um modelo que me transmitia bastante confiança ao olhar. Com estética muito parecida com os tradicionais e de altíssima qualidade da 3M, tristemente impossíveis de encontrar no Brasil e com preços bastante proibitivos no mercado nacional.

Utilizando esta potente máquina que é o 34401A, resolvi realizar a medida da resistência elétrica entre os terminais de todos os modelos que possuo. O resultado será apresentado a seguir:

E.I.C 830

O primeiro modelo da E.I.C. possui 830 pontos. É muito parecido com os modelos que hoje encontram-se facilmente no mercado chinês. Nas laterais da placa correm 2 trilhas longitudinais de alimentação, de cada lado. Supostamente uma para transmitir a alimentação + e outra -. Este modelo não possui interrupção no meio das trilhas de alimentação, como ocorre em alguns modelos de outras marcas (inclusive da Minipa).

O acabamento geral do equipamento é muito bom, a serigrafia é bem legível e durável, não apresenta borrões ou falhas e não possui nenhuma rebarba na parte plástica.

A marca não especifica quais são os materiais utilizados na construção, como material dos contatos ou o tipo de plástico.

Os orifícios não são duros para inserir os terminais dos componentes eletrônicos e ele oferece uma boa fixação. Não sente-se que o terminal fica solto dentro do orifício.

A parte inferior possui uma fita dupla-face que permite colar a matriz de contatos em uma superfície ou base, para trabalhar e a embalagem acompanha uma folha de alumínio que pode ser utilizada para fixar o protoboard. Este modelo não vem com aquela tradicional base com bornes, e nem acompanha a caixa de jumpers.

Testes elétricos

A resistência elétrica observada nas trilhas longas de alimentação foi: 

:: 75mOhms entre as duas extremidades;

:: 39mOhms entre uma das extremidades e o centro;

A resistência elétrica entre as trilhas menores, onde encaixamos os componentes foi:

::  17mOhms em média.

Foram testados 5 pontos e o resultado é a aproximação da média entre as medidas.

Apesar de não conter a especificação, eu não recomendaria utilizar essas trilhas para uma circulação de corrente superior a 3A, tampouco para utilizar com sinais de alta tensão e, principalmente, não utilizar a tensão da rede elétrica.

Estes testes foram realizados em uma matriz nova, comprada para esta finalidade.

Como mencionei, possuo outras matrizes de contato dessa marca, a mais antiga está com 15 e ainda a utilizo nas prototipagens, sem nenhum problema.

Minipa MP-830A

Esta foi a minha primeira impressão com um protoboard dessa tradicional marca de instrumentos brasileira.


Diferente da E.I.C., a Minipa traz as especificações do produto:

:: 830 Furos,

:: Corpo em ABS (Resistente até 90ºC)

:: Contatos de Bronze fosforoso com banho de níquel

:: Tensão máxima de 300V

:: Corrente Máxima de 3A RMS

Ao abrir a cartela onde o produto veio embalado, fisicamente já não gostei do acabamento da serigrafia. É consideravelmente mais fraco e borrado, com algumas falhas, se comparado ao modelo da marca anterior. Este aspecto o faz parecer-se mais aos modelos encomendados de sites chineses.

Ao experimentar a inserção de componentes, verifica-se uma maior dificuldade de inserção dos terminais, sendo necessário recorrer ao uso de um pequeno alicate. A 'pega' é muito boa, não transmite a sensação de que ocorrerá mau contato. Apenas estranhei a dificuldade.

A trilha dupla de alimentação já possui a interrupção na metade. Na minha opinião, um aspecto negativo, já que trás uma maior propensão a erros. Nesses casos, costumo colocar e também recomendar que coloquem um jumper, interligando as partes divididas.


Testes elétricos

O modelo da minipa foi o que ofereceu os melhores resultados elétricos:

A resistência elétrica observada nas trilhas longas de alimentação foi: 

:: 18mOhms entre o centro e uma das extremidades;

A resistência elétrica entre as trilhas menores, onde encaixamos os componentes foi:

::  7mOhms em média.

Este modelo, sem dúvida entre os testados, é o que apresenta melhor desempenho elétrico, apesar das características estéticas deixarem a desejar um pouco.

Outro ponto que me deixou desapontado foi o fato de os furos da trilha de alimentação não coincidirem com os furos das colunas dos componentes. Questão de gosto.
Tanto este modelo quanto o anterior possui possibilidade de encaixe de múltiplas matrizes, possibilitando a expansão.

Teste de capacitância

Nos testes de capacitância, todos os protoboards apresentaram medidas variadas entre 2 e 3pF.

O valor foi medido com uma Ponte LCR Hantek 1833c, em todas as faixas de medição do instrumento, de 100Hz até 100kHz.

Em toda a faixa, a capacitância foi bem estável.

Neste teste, portanto, apenas os protoboards antigos apresentaram capacitância superior a 3pF, que não foram elencados e caracterizados neste teste. Portanto, nesse pré-requisito, todos os protoboards foram bem consistentes, sem um vencedor iminente.

Num futuro não tão distante
Pretendo adicionar umas fotos aqui dos 2 protoboards citados e também comprar de mais uma ou duas marcas, para enriquecer as comparações.

Numa segunda oportunidade, realizar o teste comparativo das capacitâncias parasitas de todos os modelos, em até 15MHz já que entendo que, em mais altas frequências, as próprias técnicas de montagem no protoboard já não são adequadas, quanto a própria matriz.

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